Peixes, crustáceos e algas marinhas do Litoral paranaense estão ganhando novas casas. São cubos de concreto, de 120 quilos cada e um furo em forma de trevo de quatro folhas. Jogadas ao mar a cerca de quatro quilômetros da costa, as peças formam estruturas de proteção e reprodução para as espécies. O projeto de recifes artificiais não é novo – está completando 15 anos –, mas agora está prestes a dobrar de tamanho. Nos últimos dias, novas cargas de blocos começaram a ser jogadas ao mar.

A iniciativa faz parte do Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha, tocado pela ONG Mar Brasil, com apoio da Universidade Federal do Paraná e patrocínio da Petrobras. É a única ação de formação de recifes artificiais no Brasil que tem autorização do Ibama.

Em 1997, alguns testes foram feitos pela UFPR. À época, foram jogados blocos de concreto e duas embarcações velhas foram afundadas. Em 2010, o projeto voltou com força. Cerca de 1,2 mil peças foram lançadas em dez pontos, entre os balneários de Praia de Leste e Atami. Agora, mais 1,3 mil blocos estão sendo jogados nos mesmos locais, que ficam a 1,2 mil quilômetro de distância cada.

A ajudinha dos ambientalistas é um reforço. É que aproximadamente 80% do fundo do mar no litoral do Paraná é lodoso e plano. Sem pontos de refúgio, os peixes são presas fáceis para a pesca de arrasto – feita com um tipo de rede pesada, que varre o fundo do mar. Essa técnica captura tudo o que encontra, inclusive espécies que são depois descartadas, pelo baixo valor comercial ou por serem jovens demais.

Técnica em expansão

Há quatro séculos o Japão já cria recifes artificiais na costa. Já nos Estados Unidos e na Espanha, a técnica está em expansão. Além de dificultarem a pesca de arrasto, os recifes se transformam em uma “poupança” da vida marinha. E possibilitam mais oportunidades para outras atividades, como turismo subaquático e pesca esportiva. Ainda a pesca artesanal, que é fonte de renda para centenas de pessoas no litoral, é preservada.

Juliano Dobis, coordenador do projeto, explica que o efeito desejado define o tipo de recife artificial. Embarcações são afundadas quando a intenção é criar o ambiente para peixes grandes. No caso do Paraná, a ideia é fornecer condições para a formação de cardumes com espécies menores. “Algumas espécies são notadas já no primeiro ano e outras vão levar mais tempo, até uma década para aparecer”, conta.

O efeito dos recifes é acompanhado por pesquisas. Os dados ainda são preliminares, mas apontam para aumento na quantidade e na variedade de peixes no entorno dos recifes. É uma reação em cadeia. Com a fartura de plantas, grudadas aos blocos, pequenos seres surgem para se alimentar. Na sequência, animais cada vez maiores transformam o recife em habitat.

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