Luís Guilherme de Sá, da Techint: Paraná tem importância estratégica para o pré-sal

A Italiana Techint, que está voltando com a sua unidade em Pontal do Paraná, vai utilizar novamente o litoral como base para uma série de operações que pretende realizar para apoio à exploração do pré-sal.

Os planos da multinacional foram apresentados por executivos do grupo, na Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), durante reunião da Câmara de Petróleo e Gás. Somente nos projetos iniciais de fabricação de duas plataformas petrolíferas, a empresa deve gerar 3 mil empregos diretos nos próximos três anos, além de demandar uma série de produtos e serviços, abrindo oportunidades para empresas paranaenses de vários segmentos.

Atuando no Brasil há 64 anos, a Techint já manteve sua unidade em Pontal do Paraná ativa em dois períodos: na década de 1980 e entre 2004 e 2006. Na última etapa, a empresa produziu jaquetas para a plataforma PRA-1, da Petrobras. Agora, serão construídas duas plataformas para a OSX uma das companhias que atuará na exploração do petróleo do pré-sal , cada uma pesando cerca de 23 mil toneladas.

Para comportar o empreendimento, a Techint já está ampliando seu canteiro, que passará dos atuais 150 mil metros quadrados de área para 200 mil. Além disso, a empresa também possui uma área de 100 mil metros quadrados em Antonina, que também deve ser utilizada em seus projetos para o pré-sal.

O superintendente de Desenvolvimento de Negócios da Techint, Luís Guilherme de Sá, explica que, enquanto na construção dos componentes da PRA-1 foram empregadas entre 1,2 mil e 1,5 mil pessoas, agora devem ser gerados cerca de 3 mil empregos diretos e outros 6 mil indiretos ao longo do projeto. Segundo ele, a empresa dará prioridade para mão de obra local.Precisamos de formação de mão de obra especializada. É importante a parceria com entidades como Senai, Sesi e governo do Estado, para qualificar a mão de obra local e retê-la na região, afirmou. Nesse sentido, o Senai Paraná já realizou investimentos em sua unidade de Paranaguá para ampliar a capacidade de formação de profissionais, especialmente soldadores. Além disso, a instituição mantém conversas constantes com a empresa para discutir outras prioridades.

O executivo acrescentou que, apesar de o contrato da Techint com a OSX ter duração prevista de cerca de 3 anos, a intenção da multinacional é estender seu período de atuação em Pontal. Queremos criar um conjunto de atividades que torne perene nossa operação no Paraná , disse. Entre essas atividades, além da construção de outras plataformas fixas, a empresa tem a intenção de utilizar a unidade de Pontal para produzir módulos que são instalados nos chamados navios FPSOs, embarcações que ficam ancoradas em alto-mar e fazem o primeiro processamento no petróleo antes que sejam trazidos á costa. Nosso objetivo é não só produzir os módulos como fazer a integração deles aos FPSOs. Hoje existem poucos estaleiros que fazem isso no Brasil, e a Techint quer trazer isso ao Paraná., explicou Sá.

De acordo com o executivo, cada projeto de montagem de um navio FPSO leva em torno de 1 ano e meio, demandando investimentos que podem chegar a U$ 3 bilhões por unidade. Atualmente, a Petrobras está com licitações abertas para encomendar oito FPSOs, projetos que interessam à Techint. É uma concorrência estratégica, com fornecimentos de 5 anos para a Petrobras, que podemos garantir para a Techint e o estado do Paraná, declarou.

Posição estratégica
Na opinião de Luís Guilherme de Sá, o litoral paranaense, por sua localização em relação aos campos petrolíferos, tem potencial para ser uma importante base tanto para construção e montagem de estruturas quanto para prestar apoio técnico e logístico ao pré-sal. O Paraná tem importância estratégica para o pré-sal, disse.

Com isso, abrem-se inúmeras oportunidades para empresas paranaenses de diversos setores. Outro executivo da Techint, o diretor comercial Nelson Aun, explicou que apenas para a ampliação da unidade de Pontal já estão sendo demandadas a contratação de fornecedores, por exemplo, de andaimes, estruturas metálicas, obras civis, fornecimento de refeições, aterro hidráulico, serviços de limpeza e vigilância, projeto básico de ampliação do cais, tratamento de efluentes e instalações de telecomunicações, entre outros.

Com a construção das primeiras plataformas, surgirão novas demandas, especialmente pela obrigatoriedade de presença de conteúdo nacional nos empreendimentos do pré-sal. Temos um timing para nossos projetos e é fundamental que haja mobilização das empresas fornecedoras. Temos empresas que são qualificadas, mas que não visualizam como podem estar participando deste processo, disse Aun. Para o diretor, reuniões como a organizada pela Câmara de Petróleo e Gás da Fiep são importantes para que a Techint possa conhecer empresas interessadas e capacitadas para fornecer à companhia.

Atenção: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Portal Pontal do Paraná.